Isso afetou os valores de venda, que diminuíram, e de locação, que aumentaram

O mercado imobiliário na cidade de São Paulo fechou o ano de 2015 com queda nas vendas dos usados e com alta nas locações, segundo o CreciSP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo).

As vendas de casas e apartamentos usados em dezembro foram 2,76% menores que as de novembro, contribuindo para que o saldo de 2015 ficasse negativo em 21,36%. Já o aluguel residencial aumentou 14,08% em dezembro sobre novembro. Esse resultado fez com que o ano fechasse com crescimento acumulado de 61,39%.

De acordo com o CreciSP, o comportamento dos dois mercados foi completamente diferente do registrado em 2014, quando as vendas de imóveis usados acumularam crescimento de 41,11% e a locação amargou queda de 11,05%.

Essas mudanças se refletiram nos valores de venda e locação. O preço médio do metro quadrado dos imóveis usados vendidos na capital terminou 2015 com desvalorização de 6,35%, no acumulado mês a mês.

Já o aluguel fechou o ano com alta de 7,34%, abaixo da inflação de 10,67% registrada pelo IPCA do IBGE. Em 2014, o preço dos usados acumulou queda de 22,12% e o aluguel, queda de 13,53%.

Segundo o presidente do CreciSP, José Augusto Viana Neto, alugar foi a saída para as famílias que perderam as condições de acesso à compra da casa própria por causa da crise econômica.

Entre os componentes da crise, ele cita a perda de poder aquisitivo, com o registro de queda de 3,7% em relação a 2014 do rendimento real da população ocupada segundo o IBGE, o aumento do desemprego de 4,8% de 2014 para 6,8% em 2015, o aumento dos juros e a redução dos financiamentos bancários.

O presidente do CreciSP também destaca o “papel crítico” que tiveram os financiamentos imobiliários na reviravolta do mercado de imóveis usados entre 2014 e 2015.

— Em 2014, os financiamentos imobiliários do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo somaram R$ 112,9 bilhões e em 2015 esse valor foi reduzido drasticamente em 33%, caindo para R$ 75,6 bilhões. O crédito bancário é a água que move o moinho do mercado de imóveis usados, e, quando ele escasseia, a retração é inevitável, o que demanda ações imediatas e urgentes por parte do governo neste momento crítico da economia.

O presidente do Creci paulista lembra que o País tem um déficit habitacional estimado de 5,4 milhões de habitações e por isso o governo não pode se conformar com previsões dos agentes financeiros de queda no financiamento de imóveis, tanto usados quanto novos, de R$ 75,6 bilhões em 2015 para R$ 60 bilhões este ano (queda de 20,6%).

Financiamento de imóveis usados

Em dezembro, a pesquisa do CreciSP apurou que 54,16% dos imóveis usados vendidos na capital tiveram financiamento, sendo que desse total a Caixa Econômica Federal respondeu por 33,3%, ficando todos os demais bancos com 20,83%. As vendas à vista representaram 43,75% do total e os consórcios responderam por 2,08%.

As 301 imobiliárias pesquisadas pelo CreciSP em dezembro sofreram queda de 2,76% nas vendas de imóveis usados na capital, em relação a novembro. Os preços do metro quadrado dos imóveis negociados pelas imobiliárias caíram 0,25% em relação a novembro.

As casas e apartamentos que as imobiliárias mais venderam foram os de valor final até R$ 500 mil, com 64,58% do total vendido. Na divisão de vendas por faixas de preço de metro quadrado, 48,57% das unidades enquadraram-se nas faixas de até R$ 6.000.

Apartamentos foram mais alugados que casas em SP

Os novos inquilinos da capital preferiram os apartamentos às casas em dezembro, segundo as 301 imobiliárias que o CreciSP pesquisou. Foram 54,85% do total contra 45,15%. Os aluguéis baixaram 0,18% na comparação com novembro.

O fiador foi a forma preferida de garantia das novas locações, presente em 46,77% dos contratos. Seguiram-se o depósito de três meses do aluguel (32,88%), o seguro de fiança (17,39%) e a caução de imóveis (2,96%).

A inadimplência dos inquilinos baixou 21,34% de novembro, quando estava em 6,56% do total de contratos ativos nas imobiliários. Mas em dezembro, os inadimplentes somaram 5,16% desses contratos.

As devoluções de imóveis continuaram em número superior ao de novas locações. O número de devoluções superou o de novas locações em 5,8%. O total de ações judiciais propostas nos Fóruns da capital cresceu 20,59% - foram 1.350 ações em novembro e 1.628 em dezembro.

Fonte: R7