Apesar da retração econômica do País e da dificuldade da população em obter liberações de crédito por meio dos bancos, o interior do estado de São Paulo tem encontrado uma alternativa interessante para que o setor imobiliário regional não deixe de crescer. Foi nos loteamentos que cidades como Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Leme se depararam com uma forma de manter vivo o sonho da casa própria mesmo em tempos de crise.

Segundo dados da Grapohab, órgão ligado ao governo do estado, São José do Rio Preto lidera esse movimento como a cidade com o maior número de loteamentos aprovados de São Paulo – só em 2015 o montante de lotes foi de 5.472. Em segundo lugar esteve Franca, com 4.208 lotes e, na sequência, Leme, com 3.841.

A instituição também divulgou quais são as cidades com o maior número de lotes protocolados no estado, ou seja, empreendimentos que seguiram para aprovação, mas ainda estão em avaliação. As dez primeiras colocadas do ranking são na maioria cidades do interior, que sozinhas somam 41.108 lotes, representando 22% do total no ano. As cidades do ranking são Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Leme, Itápolis, Tupã, Franca, Mogi Mirim, Bady Bassitt, Votuporanga e Cotia.

O crescimento se deve ao fato do consumidor enfrentar barreiras para conseguir financiamentos junto às instituições financeiras, além das altas taxas de juros. “Portanto, a compra de um terreno é a saída encontrada por muitos consumidores que podem adquirir, muitas vezes, o parcelamento diretamente com a empresa loteadora, sem intermédio de bancos”, comenta Marcos Dei Santi, vice-presidente de novos negócios e operações da Cemara Loteamentos, com sede em Americana, no interior de São Paulo.

O que também atrai brasileiros para a compra de terrenos é a possibilidade de diluir os gastos envolvendo a compra do imóvel. “Detectamos que a possibilidade de construir de acordo com as preferências; não ter a preocupação de desembolsar uma quantia em dinheiro de uma só vez e barganhar preços na compra dos materiais são grandes motivadores para quem busca um lote”, explica o executivo.

Com VGV (Volume Geral de Vendas) previsto para R$ 140 milhões neste ano, a Cemara tem um longo caminho para explorar. Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas) existe um grande mercado em potencial no País, com espaço para expansão de aproximadamente 1,4 milhão de novos domicílios por ano até 2025.

Além disso, de acordo com o Secovi (Sindicato da Habitação), há uma percepção de retomada gradativa da confiança dos consumidores, que devem voltar a consumir diante das melhoras no cenário econômico, como o maior controle da inflação.

Na visão de especialistas do segmento, a desaceleração do mercado imobiliário faz parte de um comportamento conjuntural do setor, e não estrutural, gerado em consequência da crise econômica.

 “Os números mostram como o segmento de imóveis está apto à expansão, indicando como ainda há uma fatia significante da população em busca da casa própria”, conclui Dei Santi.